quarta-feira, junho 17, 2009

Paixão por Foto rende premiação à Jornalista em Teresina

Entre o tempo de pensar e fotografar, instantes preciosos são criados na mente de qualquer fotógrafo, desde amador ao profissional. Na hora do clique, toda formação cultural impulsionará a retratação daquilo que poderá ser o momento ímpar.

Aquela ’magia de parar o tempo’ parece não ser pra qualquer um. Quem conta suas artimanhas e magias com fotografia é a vencedora da categoria fotografia colorida, entitulado “Sorriso Danado”, do 15º Salão de Fotografia de Teresina, a jornalista e produtora Flávia Rocha.

Aos 26 anos, ela considera que o dom da fotografia surge através do amor por essa arte. E as tentativas de mostrar seu valor fotográfico em edições anteriores do Salão até a premiação de ontem, dia 15, na Casa da Cultura (próx. à Pça. Saraiva) só serviram para alimentar a paixão pela fotografia.
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Como aprendeu a amar fotografia?

Flávia Rocha - Desde criança me encanta a fotografia, e costumo ver as coisas em quadros fotográficos. Uma mão, um gesto, um sorriso, os cachos do cabelo da minha sobrinha, os momentos de troca de sensibilidade… dá vontade de registrar tudo, mas tenho que segurar essa vontade um pouco porque senão já viu, não faço mais nada… E quando eu tinha 4 anos, uma amiga fotógrafa da minha mãe me levou pra fazer um ensaio de graça. Ela me pegou no bugre dela, e eu achei aquilo muito legal. Mas durante o ensaio, fiquei o tempo todo séria. Começava a perceber ali que eu estava no lugar errado, meu lugar era por trás das lentes. Hoje eu ainda estou aprendendo a sorrir pras lentes. Acho que tem que haver intimidade entre as duas partes pra sair uma foto verdadeira. Por isso gosto de conversar com as pessoas, brincar, sorrir (antes e durante os registros)… mas ainda sou uma principiante e tenho que me policiar pra estudar mais fotografia.

Que prazeres lhe causa ao observar uma fotografia?

Flávia Rocha – Depende da foto. Mas uma boa fotografia mexe muito comigo, acho que com quase todo mundo. A fotografia tem uma magia, uma beleza. Às vezes nos angustia ou nos alegra ou ficamos paralisados diante dela.

O que é uma boa fotografia pra você?

Flávia Rocha – Não sei. O que encanta é o surpreendente. Quanto menos você imaginava da possibilidade daquele registro, mais instigante é a foto. Tem que passar pela cabeça algo do tipo: “Caramba… Como ele (ou ela) fez isso? Também tem que ter verdade, sensibilidade, boa percepção de cores, de enquadramento, mostrar sensações ou realidades diversas.

Por trás de uma grande fotografia há sempre uma boa história. E qual é a do “Sorriso Danado”?

Flávia Rocha – Eu estava viajando e na estrada vi uma cena bem diferente. Primeiro, um garoto bonito, cabelo loiro, olhos verdes, bronzeado, com uma camisa com um azul lindo e bem sujinha. No fundo, uma pedra, e ao lado dele várias meninas lavando roupas numa bica na beira do asfalto. A foto pra mim era aquela. Só que eu topei em alguma coisa, quase despencava no chão. Aí já viu, o menino começou a dar gargalhadas, ele não parava de rir (de mim), foi uma cena muito engraçada pra ele, aí eu comecei a clicar. Deu no “Riso Danado”. E sempre digo: agradeçam pelos tropeços da vida, eles poderão ser bem valiosos. E aquele tropeço rendeu meu 1º prêmio de fotografia.

Você com certeza deve concordar que tudo que fazemos com inspiração sai coisas fabulosas. E quais são as suas a partir do momento que está com sua câmera empunhada pra registrar algum fato?

Flávia Rocha - Eu vivo profundamente aquele momento, se eu estiver com uma máquina, pra mim não importa mais nada. E isso às vezes pode ser um problema. Por isso, prefiro não namorar perto de uma máquina, mas às vezes sei que dá um clima muito bom…rsrs.

Observei seu blog e lá tem muitas fotografias de criança. Que olhar você tem sobre elas por trás da lente?

Flávia Rocha - Eu sou apaixonada por crianças. Elas são o que há de mais puro, mais sincero, original, sem vergonha.

Se fosse traçar e relatar sua formação particular sobre seu amor por fotografia, como seria ela?

Flávia Rocha - Pergunta profunda, hein? Mas sinto que é um pouco de dom. Todos nós temos nossos dons. Cabe a gente ter coragem pra investir naquilo e ser um profissional por inteiro. Mas sempre enxerguei a vida em fotografias, só que minha família é de origem humilde e na minha casa não tinha máquina fotográfica. Um dia minha mãe comprou uma bem “ruinzinha”, mas já dava pra fazer alguma coisa. Todo mundo tirava fotos horríveis com ela, sem foco, sem cor, mas parecia que ela gostava de mim, quando era eu que clicava, não era que a foto ganhava vida? É um pouco de vaidade, mas foi assim que foi nascendo esse amor. Aquele objeto que pra mim era de difícil acesso, não saía da minha cabeça. Um dia eu ia comprar uma. Cresci sendo a fotógrafa dos variados momentos, mas sempre com a máquina dos outros. Um momento muito marcante pra mim foi quando uma amiga, que já tinha sido fotografada por grandes profissionais, disse que eu tinha tirado a melhor foto da vida dela. Foi um elogio e tanto. Fique muito feliz porque tudo que a gente quer é sair bem na foto, não é? Vi o quanto ela ficou feliz, e isso foi um grande incentivo pra mim. E quando eu peguei na minha primeira “bolada”, advinha o que eu comprei? Um Cânon EOS Rebel XT e uma lente grande angular.

Já que o amor está no ar… digo, na fotografia… Tens algo reservado para utilizar essa paixão em projeto profissionais a partir dessa premiação justa no Salão de Fotografia?

Flávia Rocha - Há algum tempo penso em um tema específico, que tem muito a ver com a foto premiada, mas acho melhor não falar agora, melhor deixar fluir. Já me ofereceram espaços e tudo, mas achava que ainda não era o momento.

É fato: Ser um profissional premiado é ser exemplo de paixão pelo que faz. O prazer de ver registrado um trabalho excelente deve ser maravilhoso. Então, o que fez você até a premiação?

Flávia Rocha - Humm… E você me parece que também será um jornalista de prêmios… Mas o que me fez? Muitos cliques, muitos sonhos com fotografias perfeitas, ganhos, perdas e, principalmente, acredito, admiração pelo outro, pelo diferente, pela autenticidade, mesmo que seja alguém atrapalhado, zangado, chato. Acho maravilhoso chegar a um ponto de maturidade de saber respeitar as pessoas como elas são, com as suas mais variadas características, defeitos, esquisitices. Quanto a ver um trabalho meu exposto, pra mim significa dividir sensações, momentos únicos, flagras, experiências, paisagens que impressionam. Também é uma forma de divertir, de alegrar as pessoas. A fotografia é a arte que está mais próxima das pessoas, é uma paixão popular, e ter uma certa intimidade com ela é um grande presente. A fotografia me relaxa, me faz me sentir diferente e, principalmente, feliz. Tem coisa mais importante?
Por Raoni Barbosa

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