Uma lona, público e sorrisos: a 'fuga' perfeita da realidade

Uma lona, público e sorrisos: a 'fuga' perfeita da realidade

Catapluft! Kaboom! Pronto! Achei um lugar interessante para me proteger dessas Águas infindáveis... Num pequeno circo popularesco de Teresina! Isso mesmo! Neste dia ele estava próximo de casa, no limite entre bairro Primavera e Aeroporto.

Os espetáculos são simples. A pomposidade que costumamos ver em outros circos por lá não existe. As jaulas de Leões, elefantes, macacos... Ah, quem precisa deles nessa hora, deixem os bichos de fora dessa, vamos usar a imaginação mesmo...

A começar pelo cartaz do ingresso na porta que diz: Preço? 1kg de espírito virgem (Não vale sal, pois ninguém quer salgar sua vida).

Os banquinhos eram poucos, mas legais. Alguns possuiam almofadas com pena de galinha (Deve ser por isso, que algumas pessoas estavam se coçando, pois as pulguinhas avançaram sobre elas). Mas e o restante do público que chegar?! Tem nada não, eles se sentam no chãozinho frio e molhado das águas de março, abril e maio do Piauizão...

O palhaço de roupa rasgada e sem dente conta aquelas surradas piadas contidas em seu caderninho: sobre idoso, loura e criança entre outras. Mas engraçado mesmo era como contavam. Uns verdadeiros caricatas.

E o que mais tinha de legal nesse circo?! A farra das crianças ao receber do dono do cirquinho os saquinhos de pipoca e suco - o de groselha era o melhor! garanto! Mas a cara de felicidade de todo mundo era 'anormal'!

O 'mundo podia estar caindo lá fora', mas a lona que cobria a cabeça do público fazia outro papel também: Servir como 'fuga' perfeita da realidade... Uma forma de dizer 'tchau' para as 'bulhufas' que a vida rotineira e fadigante lhe propoe a cada nova manhã. Então por que não procurar um circo mais próximo e entrar com o 'espírito virgem' para despertar novas sensações da vida?

Por Raoni Barbosa